Papagaio
Você sabia que um papagaio já pode virar seu hóspede sem nenhum empecilho legal? Sim, a criação doméstica de muitas espécies já é autorizada pelo Ibama. Nas lojas credenciadas, as mais procuradas são o papagaio-verdadeiro e o papagaio-do-mangue. Tanto um quanto o outro precisam de uma gaiola com espaço suficiente para que abram as asas e se movimentem à vontade.
O local ideal para instalar a nova morada é o que combina sol e sombra. Para a água fresca arrume um bebedouro de barro ou alumínio, materiais que também são ótimos para o comedouro. No fundo da gaiola vai bem um forro de papel, que tem que ser trocado todos os dias. "Não use jornal porque a tinta é tóxica", alerta Celso Martins.
O poleiro é item obrigatório. "Dê preferência ao de madeira, porque o de plástico não é tão firme e faz os pés escorregarem. O perigo é uma artrite", avisa o veterinário André Grespan, de São Paulo. Deixe por perto brinquedos de madeira ou sisal e evite panos e cordas, pois a ave pode se enroscar e se ferir. "Se quiser, deixe o papagaio solto, mas então corte suas asas com a orientação de um especialista para prevenir lesões", diz a veterinária Tereza Knobl.
Satisfazer às necessidades nutricionais do bicho também não é nada difícil. "Além das inúmeras rações balanceadas à venda, você pode lhe oferecer frutas, legumes e verduras para complementar as refeições", ensina André Grespan. "Só evite o abacate, que pode até causar intoxicação, e a beterraba, a qual o aparelho digestivo, muito sensível, não aceita bem."
Para quem tem crianças em casa o papagaio na certa vai ser uma superatração. Mas é bom ficar de olho quando elas se aproximarem. Querendo brincar, a meninada acaba machucando a ave e aí ela pode se tornar agressiva. "O risco de o papagaio passar alguma doença também existe, mas pode ser afastado facilmente se a pessoa lavar bem as mãos depois de manusear o animal", garante Grespan. "Lembre-se de levá-lo uma vez por ano a um veterinário especializado para uma avaliação clínica e exames de laboratório" diz, ainda, o especialista. Seus problemas de saúde mais comuns são pneumonia, sinusite, distúrbios de fígado, conjuntivite e outros males, que em geral são decorrentes de carência nutricional.
Por que os papagaios falam?
"Na natureza eles vivem em grupos e se reconhecem por meio de sons. Assim, desenvolveram uma grande capacidade de imitá-los", explica André Grespan. "Em vez de cordas vocais, as aves possuem duas cartilagens. Elas se chamam seringes e ficam entre a traquéia e os pulmões", diz Tereza Knobl. Quanto antes o papagaio for treinado a falar, mais cedo irá soltar o verbo. O tempo de aprendizado varia, até porque depende muito do dono. Pronuncie palavras fáceis e seja paciente.
Alimentação
O que os papagaios comem em cativeiro? Essa é uma dúvida comum à maioria das pessoas que mantêm aves em residências. A alimentação a ser fornecida deve ser balanceada nutricionalmente para permitir uma vida saudável e longa à ave . O termo dieta aqui utilizado refere-se à soma de alimentos e nutrientes que formam a alimentação de uma ave. Portanto, não tem nada a haver com aquele regime alimentar elaborado para o emagrecimento ("fazer uma dieta").
É muito comum encontrar pessoas que fornecem às suas aves café, pão, fubá, sementes de girassol, doces ou somente frutas. Não é preciso ser um especialista para saber que essa alimentação é incorreta e trará sérios prejuízos à saúde da pobre ave de estimação.
Infelizmente, grande parte das aves tratada em clínicas veterinária apresenta alguma patologia decorrente da desnutrição. Podemos citar as doenças respiratórias e renais decorrentes da hipovitaminose-A (deficiência de vitamina A), o raquitismo (em decorrência da falta de cálcio e vitamina D), mau empenamento, emagrecimento, obesidade, distúrbios e tumores hepáticos, distocia, infecções, parasitismo e tantos outros problemas diretos ou indiretos. Sabe-se que sementes de girassol e amendoim são normalmente contaminadas com aflatoxinas, ou seja, toxinas produzidas por fungos que crescem naturalmente nas sementes. Em longo prazo, as aflatoxinas podem causar degeneração e mesmo tumores no fígado. Além disso, essas sementes são ricas em gordura, que podem levar ao aparecimento de aterosclerose, ou seja, a deposição de colesterol nos vasos do coração. Outros alimentos usualmente fornecidos aos papagaios são pobres em nutrientes. É o caso das frutas, que têm algumas vitaminas, mas são pobres em proteínas, gorduras e outros nutrientes essenciais. O pão e fubá são alimentos ricos em carboidratos (energéticos), mas pobres em nutrientes essências para o crescimento da ave. Filhotes criados com fubá não crescem satisfatoriamente e podem morrer logo nas primeiras semanas de vida.
Então, o que devemos fornecer para os papagaios em cativeiro? Na natureza, a alimentação dessas aves é diversificada e balanceada naturalmente. No cativeiro é muito difícil isso acontecer, pois não dispomos dos mesmos alimentos que as aves encontram na natureza. Outro problema é que no cativeiro as aves acabam tomando gosto por alguns alimentos e rejeitam outros de boa qualidade . Portanto, mesmo que ofereçamos alimentos saudáveis, os papagaios cativos tendem a rejeitar esses alimentos. Outras dificuldades são elaborar cardápios balanceados sem a ajuda de um nutricionista e também a mão-de-obra necessária para preparar alimentos frescos e nutritivos duas vezes ao dia, todos os dias da semana. Assim, se quisermos manter aves sadias, temos que oferecer a elas uma variedade de alimentos frescos e em quantidades corretas. Esses itens incluem legumes semicozidos (feijão, lentilha, ervilha, grão-de-bico), milho, verduras, brotos, frutas (tomate, mamão, maçã, frutas cítricas, frutas de época), cereais, proteína de soja, óleos vegetais, sementes de boa qualidade e em pequena quantidade (girassol, castanhas), proteína animal (queijo magro, ovo cozido), aminoácidos essências, cálcio, vitaminas, minerais e probióticos. Adaptar as aves a esse cardápio variado não é uma tarefa fácil e requer a ajuda de um veterinário ou um zootecnista especialista em nutrição animal. Para resolver esse problema, surgiram as rações balanceadas para psitacídeos, que vêm prontas para uso. A ração peletizada ou extrusada pode ser comparada em seu formato e facilidade de uso às rações para cães, gatos e outros animais domésticos . A ração de papagaios é palatável e contém todos os nutrientes que a ave necessita em doses corretas. Não devemos confundir a ração balanceada com as misturas de sementes, que permite à ave separar os itens alimentares que mais gosta dos que não gosta, tal qual uma criança que separa no seu prato somente o alimento que mais lhe agrada.
As dietas balanceadas para papagaios (tipo ração) são fabricadas no Brasil e podem ser encontradas nas lojas especializadas. Uma boa opção é a ração Albatroz, de alta digestibilidade e formulada para atender às necessidades nutricionais de papagaios, araras e outros psitacídeos de médio e grande porte.
Os filhotes de papagaios necessitam de alimentos próprios: ração farelada de alta digestibilidade rica em proteína, aminoácidos essências, vitaminas, cálcio, minerais, probiótico e muitos outros nutrientes . A papinha deve ser fornecida fresca e em temperatura morna.